“ Na mitologia hindu, Kali
é uma manifestação da Deusa Durga. Segundo a lenda, nos primórdios dos tempos,
um demônio chamado Mahishasura ganhou a confiança de Shiva depois de uma longa
meditação. Shiva ficou agradecido por sua devoção e então lhe concedeu a dádiva
de que cada gota de seu sangue produziria milhares como ele, que não poderiam
ser exterminados nem pelos homens, nem pelos deuses. De posse de tamanho poder,
Mahishaseura iniciou um reinado de terror vandalizando pelo mundo.
As pessoas foram
exterminadas cruelmente e até mesmo os deuses tiveram que fugir de seu reino
sagrado. Os Deuses reuniram-se e foram se queixar para Shiva das atrocidades
cometidas pelo tal demônio. Shiva ficou muito zangado ao ser informado de tais
fatos.
Sua cólera, por
sentir-se traído em sua confiança, saiu do terceiro olho na forma de energia e
transformou-se em uma mulher terrível.
Shiva aconselhou
que os outros Deuses também deveriam concentrar-se em suas shaktis e
liberá-las. Todos os Deuses estavam presentes quando uma nova deusa nasceu e se
chamou a princípio de Durga, a Mãe Eterna. Ela tinha oito mãos e os Deuses a
investiram com suas próprias armas de poder: o tridente de Shiva, o disco de
Vishnu, a flecha flamejante de Agni, o cetro de Kubera, o arco de Vayu, a
flecha brilhante de Surya, a lança de ferro de Yama, o machado de Visvakarman,
a espada de Brahma, a concha de Varua e o leão, que é o meio de locomoção de
Himavat.
Montada no leão,
transformou-se em Kali, e cega pelo desejo de destruição atacou Mahishasura e
seu exército. A Deusa exterminou demônio após demônio, exército após exército e
um rio de sangue corria pelos campos de batalha, até que finalmente, decapitou
e bebeu o sangue de Mahishasura estabelecendo novamente a ordem no mundo ”
Mitologia Hinduista faz parte dos estudos sobre Yoga, assim como outras obras literárias, que nos ajudam a entender melhor uma filosofia e cultura tão diferente da que estamos acostumados.
A principal leitura do yoga são Os Yoga Sutras de Patanjali, e este não trata de mitologia.
Nela está copilado
o Yoga e toda a explicação para alcançá-lo, através do conhecimento dos preceitos morais e
princípios de auto-controle, identificação dos obstáculos, técnicas de
concentração para se chegar no nível de meditação, a meditação e seus poderes.
A obra começa assim:
Atha
yoganusasana - Agora o Yoga
Yoga citta vrtti nirodha -O Yoga é o recolhimento dos meios de expressão da mente.
É preciso muito
auto-estudo para se chegar a este objetivo. Muito. Mas muuuuuito.
E a cada livro, cada
técnica, cada prática, você se encontra diante de um mundo novo, que você não sabe
se fica, não sabe se volta.
Doce ilusão essa de “voltar”,
porque a partir do momento que você sai da Ignorância Real, aquela que é
desprovida do conhecimento, você se revolta. Como dizemos, tira-se o véu de Maya (ilusão) e pluft!
Você descobre tanta
escuridão, que a sua ação é se isolar.
E acaba se distanciando,
criando novos laços de amizade que te suportam numa mesma sintonia. Desliga a TV,
abre o livro, usa a tecnologia para questionar e ir atrás da informação
verdadeira, torna-se no mínimo ovo-lacto-vegetariano, aprende a respirar,
consegue sentar e silenciar. Enfrenta opiniões contrárias, escuta muita
abobrinha, é bombardeado pelas ações de marketing que empurrão mercadorias a
cada minuto de coisas que você entulha no seu armário, é taxado de alienado
porque não assiste “TV”, começa a se enxergar nos defeitos dos outros (que são
seus). Tudo de boa, na paz.
Isso é o que está sendo
proporcionado em seu Sadhana, que é o caminho para aqueles que buscam o
Yoga. O inicio do auto-conhecimento. Aquele que tem que ser apresentado pra nós
desde o jardim de infância, esbarra em você só agora, após 20 e tantos anos de
vida, ou mais.
Vidas mudam. Perspectivas
mudam. Olhares mudam. Rotina muda. Até alguns valores podem mudar.
Busca-se a quietude com
alegria. Com paz, compaixão, respeito pelo argumento do próximo, aceitação abraços,
ausência de julgamentos, maior contato com a Mãe Natureza, não há sofrimentos, se alimenta com consciência, atrai todas aquelas coisas
leves e boas de sentir que você achou que carregaria para sempre junto de você
até o fim da sua vida, sem as perturbações do externo que perturbam o seu
interior, tornando-se assim um vórtice que transmuta as energias, ajudando assim a equilibrar o Planeta. Tudo de boa, na paz.
Mas aí, de repente, no
meio do caminho tinha uma pedra. Ou melhor tem uma manifestção em São Paulo.
E alguns Yamas (preceitos morais aplicadas não só aos yoguis, mas a todos os seres vivo) que você aprendeu no primeiro
capítulo dos Sutras de Patanjali como Ahimsa (não-violência) e Satya (verdade),
estão ensanguentadas na região da Consolação.
Gritos de Não-Violência
são mantras para trazer a paz, e são interpretados como” por favor balas de borrachas e gás lacrimogêneo”.
Seu auto-conhecimento se depara com sentimentos de revolta.
Como silenciar no meio
desse turbilhão de energia condensada, misto de poder e direitos, repressão e
revolta? Como aquietar os pensamentos se eles são frutos de falta de amor contra a população, seres humanos que lutam pelo mínimo? Vandalismo não se justifica. Mas quem são os vândalos?
A hipocrisia que era vista
por poucos (apenas aqueles que não vivem das ilusões vendidas por aí), nestes últimos
dias alcançou uma maioria que estava adormecida na Ignorância Real.
E está maioria aos poucos
está começando a acordar e se juntar a multidão. E ao invés de silenciar, a multidão quer falar. Ao
invés de meditar, a multidão quer se manifestar.
No épico Bhagavad Gita,
Krishna não desencoraja Arjuna na batalha, pelo contrário, a batalha tem que acontecer. Batalhas fazem parte do
nosso dia a dia, para umas podemos nos calar, para outras não. Umas podem perder, outras podemos vencer.
Que a força de Kali
proteja a todos nós.
Que a força de Kali estabeleça
a ordem no mundo.
Shanti Shanti Shanti
Paz Paz Paz
Melissa Amita _/\_
Paulistana e Brasileira
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